Minha história com a fotografia mão é romântica, muito menos comum.
Costumava não tirar fotos, pensava que parar para tirar fotografias me tiraria de alguns momentos genuínos só por causa de um capricho. Era uma linha tênue entre aproveitar o momento, mas também não querer perder tempo.
A fotografia é contar uma história de maneira atemporal.
Observava dois mundos. Os de pessoas que registravam milhares de momentos pra escolher 3 melhores fotos que dariam mais likes no instagram. E aquelas pessoas mais alternativas, que sabiam que a imagem transmite uma história e contar ela é como esculpir as veias da escultura de Michelangelo.
Com o tempo acabei ficando sem foto de conquistas, viagens, pessoas. E me faz falta não ter esses registros.
Acabei comprando uma câmera, pra filmar e fotografar. Afinal, estamos na era digital. Por que não já fazer uns vídeos pra recordação!?
E por mais que tenha feito alguns cursos, sentia que não era aquilo que queria. Eu não queria imagens de canal Off, nem as imagens bonitas que qualquer um tira quando está em um lugar bonito.
Esse sentimento sumiu quando reencontrei um amigo e ele estava com uma Nikon F2. E meus amigos, foi amor à primeira vista por aquelas fotografias.
Aquele granulado natural que não era excessivo e nem sutil, o cuidado para apertar o botão e não gastar uma das, apenas, trinta-e-seis fotos que tinham no rolo, e o que me chamou mais atenção, o processo.
Muitos consideram como capricho, ou burrice, por em pleno 2021 com celulares e centenas de câmeras pra facilitar a vida, eu me apaixone por uma tecnologia de 1826.
Mas o analógico me trouxe ao cuidado. Setar a exposição, enquadrar com calma, olhar em volta, respirar 2 vezes, focar, pressionar o botão até escutar o barulho do diafragma sendo aberto e fechado, passar o filme e soltar um sorriso largo.
Comprei uma TLR, que é considerada médio formato. Tem 12 poses. Você coloca a câmera na altura na barriga, olha pra baixo no reflexo de um espelho que reflete em um tipo de vidro polido e tira a foto.
Quero comprar uma para utilizar o filme 135, aquele menor, que nossos avós tinham e mandavam revelar. Já mandei revelar algumas antes de ter uma máquina digital.
Estou em fase de processos. Pra me sentir mais confortável e dar cada vez mais significado à fotografia.
Tipos de Câmeras que escolhi
Resolvi que teria apenas dois tipos de câmeras:
TLR, que eu conseguisse concretizar alguns projetos pontuais. A revelação é mais cara, o filme também é mais caro. E tem apenas 12 poses, o que te faz quase que criar um storyboard antes de tirar a foto.
As TLRs, por serem consideradas médio formato, não é tão prático levar por aí. Ocupa espaço, é um pouco mais chamativa e o número de poses faz ela ser um peso mais rápido.
135, ou o que chamamos de 35mm. Elas são mais compactas, muito comparadas com as atuais mirrorless. Consigo fazer projetos pessoais, pontuais, levar pra montanha e me arriscar mais. Se manuais, você não precisa se preocupar muito com bateria. Leve pra levar. E com 36 poses faz parecer que o fime nunca vai acabar.
Quais filmes eu uso?
Todo mundo que faz fotografia analógia tem os filmes preferidos. Alguns puxam mais pro azul, outros pro laranja. Tem os que deixam a foto mais granulada. E claro, o ISO dos fimes.
O ISO é o que te ajuda a decidir se vai usar aquele filme pra tirar foto durante o dia ou à noite. Quanto maior for o número do ISO, menos luz você precisa. Um ISO 100 é usado durante um dia de sol e um 800 é utilizado em lugares escuros. Claro que sempre existe exceção.
Ainda estou testando os filmes pra catalogar os queridinhos. Cada mês é um flerte diferente.
E, atualmente quebrei um preconceito que tinha com filmes Preto e Branco. Eu sei, eu sei, podem me julgar.
Revelação
Até uns meses atrás, eu enviava para laboratórios independentes. Alguns que quero um resultado melhor ainda envio.
Mas hoje em dia estou tentando ser disciplinado para revelar em casa, aprender melhor o processo e conseguir trabalhar com a foto em poucas horas ao invés de uma semana, que é o tempo que recebe de volta quando envia para um lab.
O motivo de revelar em casa é que quero ter controle do processo, saber o melhor tempo para revelação e já conseguir pensar na impressão e cores de algumas fotos.
Quarto escuro
Ter ou não ter?
O quarto escuro é um processo de ampliação da fotografia. É nele que você consegue passar do negativo para virar um quadro, ou aquelas fotos 10×15.
Eu até consigo isolar um banheiro durante o processo. Mas não vale a pena. Compensa digitalizar as fotos, tratar elas e imprimir.
O processo de impressão também não é tão simples, é acertar a cor, escolher o tipo de papel para utilizar e testar quais cores transmitem a mensagem que tu quer. E é a parte que finaliza o processo.
Quando acabar a impressão que é a hora de assinar a fotografia e presentear.
Ainda estou pesquisando uma impressora que seja boa pra imprimir fotos. Aceito sugestões.
Armazenamento
Costumo comprar alguns filmes para ter quando quiser fotografar.
Sempre depois de comprar e depois de tirar as fotos, deixo em uma caixa pequena na geladeira. O frio conserva o filme.
Quando o filme é revelado, costumo
A mágica
Obviamente devo ter esquecido alguma coisa ou algum processo no caminho.
Mas a verdade é que independente da parte técnica, vi na fotografia analógica uma forma de tirar do peito alguns sentimentos, tornar palpável momentos que já aconteceram e transformar uma imagem em história.
Vale a pena entrar nesse mundo? Olhando para o lado financeiro, com certeza não. Mas se for pensar, nenhum hobbie sobreviveria se não nos deixasse de bolso vazio.
Ainda tenho alguns projetos em mente, amigos para presentear. E espero cada vez mais que a arte seja tirada pra dançar e não uma ciência exata.
E claro, que vocês tirem fotos, gravem vídeos, façam música. Se expressem e joga nas redes. Nem tudo o que é bom tem milhares de likes.
Vamos trocar uma ideia sobre a arte intimista e projetos?
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